segunda-feira, 30 de abril de 2012

3am, I would much rather sleep with you.

É sempre em uns horários assim, entre 1h e 3h da manhã, que eu me sinto completamente perdida. Durante o dia, enquanto eu me mantenho ocupada, eu quase consigo me convencer que eu estou tão bem quanto 'antes'. Eu ainda tenho momentos, em geral no meio de uma frase, quando eu me dou conta de mim mesma. É extremamente irritante, porque eu já sou naturalmente prolixa, e esses episódios em geral me desconcentram e me dão desespero. Eu começo a questionar qual minha posição no universo, e o que será que o futuro guarda pra mim, e será que eu consigo?, e ai alguém estrala os dedos e me força a voltar pro presente. E embora muitas vezes eu tenha perdido completamente o interesse no assunto, eu me forço a continuar ali, e participar, e estar em movimento, porque eu não tenho outra opção.

Mas de madrugada, quando eu não tenho nada nem ninguém pra me distrair, essas perguntas sem resposta me atormentam. Eu me imagino mais velha e mais madura, e tento imaginar como eu fiz pra chegar lá, e eu não consigo. Eu simplesmente não sei o que fazer pra ser exatamente a pessoa que eu gostaria de ser, vivendo a vida que eu gostaria de ter. Eu tenho esse ideal que eu gostaria de atingir, e ele é bastante realista, simples até, eu diria, mas eu não sei como chegar lá.
Não, mentira. Saber eu até sei. O que eu não consigo visualizar é como eu vou passar dessa fase que eu estou agora até a parte onde eu sou quem eu quero ser.

Eu já estou me movimentando pra tornar realidade aqueles antigos sonhos que eu sempre esperei que acontecessem sem qualquer esforço da minha parte. Eu fiz pesquisa de preço de cursos de desenho, fotografia e música, eu olhei grades curriculares de outros cursos de graduação, eu fui atrás de cursos de pós-graduação na minha própria área, eu estou lendo livros sobre budismo e sobre filosofia, planejando viagens. Eu estou tentando, sim, me encontrar, ou encontrar meu caminho pra ser essa tal eu mais velha e madura.

Mas na hora de dormir, quando eu deito na cama e o silêncio grita, nessas horas que ninguém pode estralar os dedos e me puxar de volta pra o presente, é ai que eu começo a me perder de novo. Eu penso - completamente contra a minha vontade - nas coisas tenho feito ultimamente e tento descobrir o que é que eu estou fazendo, porque eu não tenho a menor noção. Tudo isso que eu ando planejando, pra onde isso vai me levar? Como é que essas coisas vão me transportar da pessoa que eu sou até a pessoa que eu quero ser?! Não faz o menor sentido!!! Nessas horas, então, eu entro em desespero, porque não importa o que eu faça, eu vou continuar eu mesma pra sempre, e essa pessoa na minha cabeça é uma ilusão. Vocês conseguem entender o dilema? Dormir tem sido um problema pra mim. O que é uma pena, porque dormir é excelente e sono é uma coisa que me irrita.
Eu sempre acordo no dia seguinte completamente esgotada, mas com a esperança renovada de que talvez hoje seja o dia que alguma coisa vai fazer 'click' e as coisas vão se ajeitar. Eu não nego convites pra nenhum tipo de atividade (tirando ir pra praia num feriado chuvoso), porque sempre existe a possibilidade de as coisas mudarem em algum ponto do dia, o que não iria acontecer se eu ficasse em casa sem fazer nada.

De qualquer forma, eu sei que 'vai passar', 'só o tempo pra resolver essas coisas', 'vai ficar tudo bem', mas isso não significa que enquanto eu não descubro como, minha vida não está péssima. Até ela melhorar, eu aguardo. E agradeço a paciência de todos. (Aliás, surpreendentemente minha família tem se comportado muito bem nesse período. As críticas à minha personalidade e escolha de vestimenta andam bastante raras, e não sei se a notícia do meu possível adenoma se espalhou, mas ontem uma tia fez carinho na minha cabeça, o que foi meio assustador, levando em conta que ela não gosta de mim desde os meus 8 anos de idade.)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

colei o 'S' de saves do lado errado ops

Bom, eu não sei o que vocês fazem pra lidar com a vida quando ela beira o insuportável, mas eu faço tudo o que eu consigo pra escapar da realidade e parar de pensar um pouco. E o que me ajuda é chocolateMÚSICA, claro. Então eu montei uma playlist semi deprê, semi otimista pra me ajudar em tempos de alegria escassa, e como não, disponibilizei pro mundo. Vale ouvir (eu acho, né).

Playlist:
Lenine - Paciência
'A vida não para..'
Gotye - Eyes Wide Open
'Everything we had, everything we did; is covered in dust; and this dust is all that's left of us.'
The Avett Brothers - Incomplete and Insecure
'Will I ever know silence without mental violence; will the ringing at night go away?"
Young The Giant - Cough Syrup
'I'm losing my mind, losing my mind, losing control'
Julian Casablancas - 11th Dimension
'It won't end here; your faith has got to be greater than your fear'
John Mayer - The Heart of Life
'No, it will not go the way it should, but I know the heart of life is good'
Keane - Stop for a Minute (feat. K'naan)
'And if I stop for a minute, I think about things I really don't wanna know'
The Strokes - You Only Live Once
'Twenty ways to see the world; twenty ways to start a fight'
The Decemberists - This Is Why We Fight
'This is why, why we fight, why we lie awake'
Doris Day - Que Sera Sera
'Que sera, sera; whatever will be, will be; the future's not ours to see; que sera, sera'
Hedley - Never Too Late
'Who's to say if leaving is better than living in fear?'
The Fray - Happiness
'Let it go, live your life and leave it; then one day you wake up and she'll be home'
fun. - Carry On
'I've closed enough windows to know you can never look back'
Fleetwood Mac - Don't Stop
'All I want is to see you smile; if it takes just a little while'

Para baixar essas músicas in-crí-veis, é só clicar na legenda da arte que eu fiz lá em cima. Aproveitem!

domingo, 15 de abril de 2012

a bolota vermelha indica a hipófise, onde está o puto

Bom, sobre uma outra coisa acontecendo na minha vida: um pouco antes da minha viagem de intercâmbio, quando eu fiz exames de rotina só pra poder garantir que não tinha nada muito errado comigo e que eu não ia precisar de ajuda médica em um país estranho (além de qualquer imprevisto, lógico), eu já tinha dado sinais de alterações hormonais. Nada sério, só me recomendaram um diurético e legal, excelente, tudo resolvido.
Eu não tomei o diurético. A gente sempre espera a coisa apertar um pouco até resolver tomar uma atitude, né. Mas eu não estava me sentindo desconfortável e, numa mistura de médica e louca, que eu tenho em um nível um pouco mais elevado que as outras pessoas, eu achei que o diurético era desnecessário. Aparentemente não era.
Os meses foram passando e aos poucos, alguns sintomas de alterações hormonais foram se fazendo presente. Acne, gente, por favor, já passei da idade né; excesso de pelos, menstruação desregulada, tudo me deixava triste e cansada. Ai blablabla ataque de pânico blablabla voltei. Fui fazer exame de sangue, a bomba:
Não tem UM hormônio que não esteja alterado. Hormônio masculino em excesso, feminino em baixa e, em um surto de carência e querendo se fazer presente, a prolactina.
Ah!, a prolactina. Em mulheres os níveis normais são de 3,4µg/L. Durante a gravidez, os níveis normais são de até 31µg/L. Em mim, a concentração de prolactina está 134µg/L. O exame foi revisado pelo próprio laboratório. Mas esse é um valor muito elevado, então meu médico me recomendou fazer em outro laboratório, o mais confiável da cidade. A concentração foi de 135µg/L.
E o que isso significa afinal? Bom, na verdade eu não tenho um diagnóstico confirmado, apesar de ter todos os sintomas (e eu sou super dramática e simplesmente decidi que esse é o meu destino), mas ao que tudo indica, é um microadenoma da hipófise. Ou seja, UM TUMOR!!!
Again, drama. Continua não sendo nada (muito) sério, é um microadenoma benigno e tudo que ele está fazendo é dar uma bagunçada em todo os meus hormônios e meu emocional e minha vista, que as vezes dá uma embaralhada. E mesmo que não seja um microadenoma, uma vez que na realidade os níveis que indicam a presença de um são aqueles superiores a 200µg/L, o meu continua muito alto e está me incomodando. Eu por acaso estava tomando remédio que podem elevar os níveis da prolactina, mas eu comecei a ter os sintomas antes de começar e fiz os exames de sangue depois de parar, então eles não justificam esses valores.
No caso de ser realmente um prolactinoma, o tratamento é químico no caso de tumores pequenininhos, vou ter que tomar pro resto da vida e boa. Se ele já estiver grandito, uma microcirurgia pela cavidade nasal e o problema é resolvido.
Eu gosto de acreditar que muitos dos meus problemas emocionais estão sendo causados por esse descontrole hormonal, simplesmente porque se for assim, fica mais fácil de resolver. Todas as grávidas atoladas de hormônio dizem que tem mood swings absurdos, porque que com os meus hormônios seria diferente, né? To aqui lutando pelos meus direitos de culpar meu descontrole hormonal pelo meu descontrole emocional.
O caso é que se não for, eu ainda tenho muito serviço pela frente, e pouca disposição pra enfrentá-lo. Torçam por mim então, pessoal. Acendam velinhas pra qualquer entidade superior de sua escolha e cruzem os deditos na esperança de 1. não ser um prolactinoma, só uma concentração muito alta e completamente injustificada de prolactina e 2. assim que eu normalizar meus hormônios, minha vida se normalizar também.

sábado, 14 de abril de 2012

I like life, but I want to fall in love with it.

Uma paixão. Algo de dê um significado pra vida, que me faça acordar todos os dias animada porque 'hoje tem mais daquilo'. O que quer que seja, é isso que eu estou procurando agora.
Saber onde procurar é que sempre foi a parte complicada.

Vejam, eu nunca fui uma pessoa que busca aventuras. Não se enganem, eu até me considero uma pessoa aventureira, dentro dos meus limites, mas eu nunca fui aquela que busca, eu sempre fui a que topa. 'Vamos em tal evento?' 'Vamos muito, que horas?'; 'Eai, o que você tá fazendo?' 'Nossa, nada.' 'Vai rolar um show de uma pessoa desconhecida no meio de um lugar ermo e distante, quer ir?' 'Quero! Onde a gente se encontra?'
E isso sempre me bastou. Me mantinha funcionando, enquanto eu esperava meus sonhos magicamente se realizarem. Porque eu nunca corri muito atrás dos meus próprios sonhos, eles sempre me pareceram inalcançáveis e eu sempre fui muito insegura para correr atrás. O medo de dar tudo errado sempre foi maior do que minha credibilidade em mim mesma.
Só que agora, por algum motivo extremamente irritante que eu desconheço, essas coisas já não me são suficientes, não me satisfazem o suficiente pra me convencer de que a vida vale a pena todo o sofrimento que ainda vem. Porque eu sei que vem. E eu sei que vai ser pior do que essa preview que eu ando vivendo.
E olha, pode parecer drama, mas eu estou sofrendo sim. Se tem duas coisas que eu não desejo pra ninguém no mundo são ataques de pânico e a depressão e ansiedade subsequentes, e a falta de um propósito na vida. É muito ruim, de verdade. Aquele desânimo de viver mesmo se tendo a consciência de que tem tanta beleza no mundo, o desespero de saber que a vida é curta e você tá perdendo tempo não aproveitando tudo e qualquer coisa. Cada momento é uma oportunidade, e a tristeza de saber que você não está agarrando todas elas pelo pescoço, isso é capaz de te destruir.

Assim sendo, eu procuro. Devagar e certamente, eu me levando do chão com uma força que eu não achei que tivesse, ou que fosse precisar, e busco dentro de mim e mundo afora aquilo que vai justificar a minha existência. Eu ainda estou viva, e eu pretendo fazer o melhor de cada dia.
Eu vou começando aos poucos, uma música nova, um jogo no facebook (eu sei gente, é péssimo, mas eu passei por uma fase que nem isso me apetecia), sempre sempre sempre um novo livro, um atrás no outro, tantos quanto eu conseguir colocar na minha mochila. Lentamente me encaminho para coisas maiores, planos mais concretos, sonhos mais plausíveis. Aventuras mais intensas. Amores maiores. E eu hei de chegar naquele ponto, quando você deita na cama satisfeita pelo dia vivido, e acorda animada pra o que quer que te aguarde. Sem medo. Sem arrependimentos.