Uma vez eu escrevi, para uma pessoa desconhecida, que o que importa na vida é ser feliz. Que a gente arrisca a vida todos os dias única e exclusivamente por estarmos vivos. Que a vida é tão frágil, e qualquer coisa pode te levar pra sempre.
E eu sempre acreditei nisso. Sempre foi fácil porque, apesar de eu ter consciência de que toda vez que eu saio de casa, eu não tenho a garantia de que eu vou voltar, nunca me pareceu tão real, tão próximo. Então ser feliz sempre foi simples. E pra mim, ainda é simples. Eu sei de uma série de coisas que me fazem feliz, e são aquelas tão anunciadas pequenas coisas da vida. O sol nascendo. O sol se pondo. Banho de chuva num dia quente. Banho quente num dia frio. Chá, livros e uma boa noite de sono. A good song and some friends to sing along. Vento.
Mas ai eu surtei. Eu fui viver meu sonho, fui pra longe pra ver o mundo de perto, mas eu fui com um medo tão maior do que eu esperava. Maior do que eu achei que fosse. E uma série de acontecimentos me fez acreditar que minha vida tava acabando ali. Naquela hora, naqueles minutos que antecediam o que na minha cabeça era a minha morte iminente, eu me perdi. Por mais feliz que eu estivesse por estar viva, eu comecei a questionar o sentido de tudo. Por que inventaram os carros, a gente vai morrer mesmo. Por que que as pessoas escrevem e leem livros, todo mundo vai morrer. De que que adianta estudar, trabalhar, juntar dinheiro, a gente vai morrer. E me deu uma preguiça de viver. De acordar todos os dias dos próximos (com sorte) 80 anos e ter que enfrentar o dia, e saber que todo o meu esforço perde um pouco do sentido.
Mas e ai, como que eu resolvo essa situação? Morrer eu não quero, obrigada. Viver tá difícil. Dormir uns dias seguidos até tudo passar não tá permitido. Disposição sumiu, alegria fugiu, e uma ansiedade angustiante se instalou sem dar sinais de ir embora tão logo. Escapar de mim mesma e da realidade é impossível, acreditem, eu tentei.
Eu estou tentando, então, aceitar as coisas como elas são. Tentando ser feliz de novo. Tentando não ver o sol nascer e pensar 'puxa vida, mais um'. Tentando não ver o sol se pôr e sentir alívio por ter terminado o dia. Tentando me concentrar em um livro e tentado dormir a noite.
Cada dia fica um pouco mais fácil. Alguns dias parece que não vou conseguir nunca sair desse buraco que eu sinto que eu estou. Tem dias que parece que eu estou com a mão na borda do buraco, faltando só um puxão pra sair dali. Tem dias que eu só sinto saudades de como eu era.
Mas uma hora a gente chega lá. Expor meus pensamentos/sentimentos sempre foi terapêutico, hence o porque de eu fazer terapia. Mas algumas coisas, aquelas que eu não consigo contar nem nas sessões com a psicóloga, essas eu me sinto a vontade pra contar pro mundo.
E que o mundo me dê as respostas que eu quero, quaisquer sejam elas. Que o mundo me devolva pra mim. E que sejamos felizes, todos.
Paciência.
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